Análise – Música – Toda forma de poder
Gessinger não precisou de muito para se tornar meu ídolo. “Toda forma de poder” é uma das músicas que melhor exemplifica isso. Vamos ver o porquê:
Uma breve introdução, diferente de toda a música. Em seguida, começa a música como ela será pelos três minutos seguintes. A letra, para vocês acompanharem:
Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você
que não faz nada
Começo a achar normal que algum bossal
atire bombas na embaixada
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Toda forma de poder
é uma forma de morrer por nada
Toda forma de conduta
se transforma numa luta armada
A história se repete
mas a força deixa a estória mal contada
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
O fascismo é fascinante
deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante
e esquecer que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada
Poético, talvez. Mas com certeza artístico. Repararam que 4(3) formas de “poder” foram citadas? Não? Então vamos por partes:
1ª estrofe:
Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada
Fidel e Pinochet tiram sarro de você
que não faz nada
Começo a achar normal que algum bossal
atire bombas na embaixada
A Música começa com dois versos bem curiosos. Um desabafo, será? Não. É uma conclusão. Em seguida, duas figuras históricas, Fidel e Pinochet (a propósito, ditadores), tiram sarro de você. Um, socialista, levou Cuba a um momento único como país, enquanto o outro, capitalista, literalmente bombardeou seu antecessor, num golpe militar. É, ambos fizeram algo. E você que não faz nada? Finalizando essa primeira estrofe, um excesso de violência passa a ser considerado normal.
Refrão:
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Quero esquecer essas desgraças. Talvez você passe por aqui. Quem será esse você? Será a ignorância, a alienação? Realmente, precisamos esquecer tudo o que vimos?
2ª estrofe:
Toda forma de poder
é uma forma de morrer por nada
Toda forma de conduta
se transforma numa luta armada
A história se repete
mas a força deixa a estória mal contada
Aqui está o “tchans” da música. Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada. Há um descrédito nas formas de governo e, ao que tudo indica, uma veia anarquista aqui. Em seguida, uma crítica aos combates armados. Final da guerra fria, só se via como opção para mudar o mundo, a luta armada. O último comentário é bem pertinente. Será que já não aconteceu algo parecido? Teve alguma coisa que parece artificial nessa estória?
3ª estrofe:
O fascismo é fascinante
deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante
e esquecer que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
mas eles não dizem nada
Uma opção aos governos seria o fascismo, claro. Mas… bem, regimes totalitários não são exatamente a saída. Essa última estrofe é um comentário sobre o refrão. É tão fácil esquecer o passado e tocar em frente… Parece outra história que vai ser mal contada. A música acaba com a mesma frase que a abriu. Eles não dizem nada. Tem alguém que diga?
Nossa.. realmente uma análise muito bem feita e com argumentos fortes e reais.
Fascinante!
Eloisa said this on 2011 09 12 às 22:37 |
Vai pro inferno com essa ideia de analise “barata”. A passagem ao ato é fenomenal. so criticar nao basta!!!
fernando said this on 2012 04 04 às 19:25 |
Cara, gostei… para dar uma aula sobre “relação de poder e força” essa sua análise é muito boa!
Tiana said this on 2012 05 11 às 19:11 |
A letra é realmente fascinante. Podemos ver que realmente a sociedade se cala cada vez mais aos desprazeres da vida. No entanto, “se tudo passa talvez você passe por aqui e me faça esquecer tudo que eu vi.
Douglas said this on 2012 08 20 às 10:32 |
realmente bom me ajudou pra prova de filosofia
raissa said this on 2014 04 28 às 16:28 |
Muito boa análise, pertinente, bem fundamentada. Parabéns!
Paulo Reis said this on 2014 06 13 às 11:39 |